2611
Institucional3206
Notícias6004
Agenda: próximos eventos7826
Câmara Municipal9079
Editais e Avisos em vigor5116
Executivo Municipal9738
Reuniões da Câmara Municipal4371
Organização dos Serviços3111
Heráldica do Município6807
Informação Económico-Financeira e Patrimonial9996
Contratação Pública851
MAIA 2028 - Plano Estratégico8203
Discussão Pública3505
Repositório Editais e Regulamentos5876
Despachos do Presidente da Câmara Municipal763
Índice de Transparência Municipal4739
Participação em reunião de Câmara829
Documentos
1009
Assembleia Municipal8057
Apoio ao Consumidor9466
Recursos Humanos7973
Polícia Municipal4929
Proteção Civil40
Provedor dos Munícipes2511
Plano de Mobilidade Sustentável5733
Planeamento7236
2ª Revisão ao PDM543
Reabilitação Urbana6563
ARU Centro Cidade da Maia3552
ARU Águas Santas/ Pedrouços3413
ARU Núcleo Urbano Moreira/ V.N. Telha7582
ARU Ardegães8984
ARU Vila do Castêlo da Maia8272
ARU Monte de Santa Cruz1048
ARU Expansão da Cidade2431
ARU de Nogueira3105
ARU de Vila Nova da Telha983
ARU Milheirós1859
ARU Central de Folgosa e S. Pedro Fins8060
ARU de S. Pedro Fins6471
Perguntas Frequentes sobre a Reabilitação Urbana3187
Conceito de Obra de Reabilitação Urbana e Procedimentos1872
Projetos em curso
9722
Tarifários Sociais de Água, Saneamento e Resíduos Urbanos da Maia4147
Programa Municipal de Emergência Social7463
Projetos cofinanciados pela UE8174
Relações Internacionais e Cooperação7938
Protocolos7121
Água Grande, República Democrática de São Tomé e Príncipe9455
Andrézieux-Boutheón, República Francesa4094
Castilla y León, Reino de Espanha5624
Jiangmen, República Popular da China9053
Mantes-la-Jolie, República Francesa3567
Mbombela, República da África do Sul9803
Nampula, República de Moçambique9595
Sal, República de Cabo Verde7776
São Nicolau, República de Cabo Verde1298
Sault Ste. Marie, Canadá
1411
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)6487
Notícias2533
Rede Intermunicipal de Cooperação para o Desenvolvimento7027
Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular76
União Europeia
444
Gestão Urbana3031
Regulamentos Municipais4606
Atendimento Municipal6796
Empresas Municipais3801
Eleições Legislativas 20227975
Requerimentos3006
Sistema de Gestão2815
Metrologia4602
Peadel2617
Juntas de Freguesia3472
Prestação Serviços de Medicina do Trabalho2227
Contactos
9623
Viver6148
Notícias e Eventos4474
Espaços Culturais72
Estórias e Memórias4011
Heráldica Municipal2957
Património Cultural1753
Obras da Coleção de Arte da Câmara Municipal da Maia233
Publicações2552
A Lã e o Linho127
Aeródromo do Porto (Aeroporto de Pedras Rubras, 1940-1945)9050
Gastronomia e Religião4092
Os Tamanqueiros e os Pauzeiros da Maia7237
Subsídios para o estudo da medicina popular nas Terras da Maia7332
Gastronomia e Doçaria nas terras da Maia7530
A Maia e a Gastronomia9483
Cestos Florais Maiatos2340
A Árvore de Camilo7860
A Matança do Porco4484
Brevíssima História da Maia100
A Campa do Preto8265
Romaria a Nossa Senhora do Bom Despacho202
O Santo Lenho de Moreira5135
Canastras Florais3343
“ZMORK" para a Maia7961
UIVO 10 - Catálogo710
UIVO 11_Catálogo8457
Terra Maia5746
Livro MAM_21
5891
Ilustres Maiatos9219
Álvaro Aurélio do Céu Oliveira1003
Dr. Augusto Martins936
Prof. Doutor Carlos Alberto Ferreira de Almeida7482
Gonçalo Mendes da Maia5271
Professor Doutor Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior5127
Prof. Dr. José Vieira de Carvalho4336
Conselheiro Luiz de Magalhães7654
Albino José Moreira9971
Dr. Manuel Ferreira Ribeiro5674
Paio Mendes da Maia1057
Padre João Vieira Neves Castro da Cruz795
Visconte de Barreiros3673
Eurico Thomaz de Lima9367
Manuel Marques Pereira d' Oliveira407
Comendador Augusto Simões Ferreira da Silva6217
Mestre António Costa3453
Doutor António Cândido da Cruz Alvura5543
Altino Maia3124
D. José Alves Correia da Silva, o «Bispo de Fátima»2466
António José Ferreira Carvalho1060
Rafael Carlos Pereira de Sousa1617
Amálio Maia9976
Papiniano Carlos2474
Carolina Michaëlis
781
Revista da Maia5832
Peças Arqueológicas4791
UIVO 11 - Mostra de Ilustração da Maia I Registo fotográfico inauguração
1952
Biblioteca2297
Museu3259
Contactos6732
Bilheteira / Loja on-line1663
Inquérito de satisfação dos serviços (im-069)5469
Cultura Inclui2990
Mera comunicação prévia de espetáculos de natureza artística
5313
Investir439
Eventos5943
Férias Ativas Jovens200
Férias Ativas Jovens | Natal´236961
Férias Ativas Jovens | Verão´239567
Férias Ativas Jovens | Páscoa´239944
Férias Ativas Jovens | Natal´222820
Férias Ativas Jovens | Verão´227426
Férias Ativas Jovens | Páscoa´225011
Férias Ativas Jovens | Natal´2186
Férias Ativas Jovens | Natal´19796
Férias Ativas Jovens | Verão´195400
Férias Ativas Jovens | Páscoa´198122
Férias Ativas Jovens | Natal´181037
Férias Ativas Jovens | Verão´185605
Férias Ativas Jovens | Páscoa´187066
Férias Ativas Jovens | Natal´172282
Férias Ativas Jovens | Verão´173284
Férias Ativas Jovens | Páscoa´17
2828
Festival de Danças Urbanas4099
Festival de Teatro Jovem8952
Maia ShowCase2158
Mula Ruça | 03.jun.23322
Out Liars | 17.fev.239440
“FLEUMA” | 22.out.224706
On The Rocks - Out Liars | 17.set.226156
Concerto de Clarinete - Duarte Maia | 23.jul.223603
“Estranho Conhecido” | 29.mai.22320
Concerto de António Sousa | 30.ago.198045
Recital de José Miguel Borges | 14.abr.196146
“O Coiso” | 30.jun.18
3198
Programa “CONHECES?”8319
Natal´23 - Conheces?' Zoo da Maia?5181
Verão´23 - 'Conheces?' Vila Nova de Gaia?6249
Páscoa´23 - 'Conheces?' a Galeria da Biodiversidade/Centro Ciência Viva e o Jardim Botânico do Porto?8035
Natal´22 - Conheces?' Perlim?7610
Verão´22 - 'Conheces?' a Casa do Alto?6990
Páscoa´22 - 'Conheces?' Viana do Castelo?1085
“CONHECES?” | Páscoa de 2018
166
Notícias7777
Onde Estamos118
O que Fazemos9933
Conselho Municipal de Juventude8746
OPJM - Orçamento Participativo Jovem da Maia6159
Plano Municipal de Juventude4605
MAIA RISE UP 20225887
Associativismo Juvenil2729
Instagram2123
Galeria Multimédia8124
Link´s Úteis
2734
Visitar
A Maia e a Gastronomia
Sabemos, historicamente, que na Maia, desde tempos imemoriais, se criou gado bovino, quer para fornecer força de trabalho, puxando carros e alfaias, quer para a produção de leite, quer ainda para o aproveitamento da sua carne. Também o porco era um animal de eleição, embora o seu interesse fosse quase exclusivamente alimentar. No que toca aos cereais, o milho e o trigo eram reis, embora o centeio e as leguminosas como o feijão, a fava e a ervilha tivessem também uma importância nada negligenciável. E, obviamente, a batata. Também se produzia azeite, embora não em grande quantidade.
Só que, em primeiro lugar, uma coisa era o que se cultivava e o que se produzia e outra era o que se comia. O porco, por exemplo, que proporcionava os enchidos e os fumados, e que permitia conservar a carne salgada, era consumido, ao longo do ano, apenas em épocas especiais. A carne de vaca era, em muitos lares, só utilizada para «dieta». O carneiro era consumido e bastante apreciado nestas redondezas, mas quantas vezes a alimentação se fazia à base dos galináceos, o que já não era nada mau, e dos peixes de «baixa categoria», como eram a sardinha, o chicharro e outros que tais. E muitas das vezes o prato principal era mesmo a sopa, engrossada com unto e farinha, onde boiavam algumas couves, acompanhada por um naco de broa.
Serve este apontamento para consciencializar os meus leitores de que não se pode dizer que haja uma «gastronomia maiata», por duas ordens de razões. Primeiro, porque havia vários tipos de «casa» e de «família» e, logo, vários tipos de «possibilidade». Depois, porque muitos dos pratos que eram consumidos na Maia, quer pelos estratos mais altos quer pelos mais baixos, não eram apenas típicos daqui, mas de todo o Entre Douro e Minho.
Por outro lado, o facto de um dia ou outro se consumir um determinado alimento, não significava que o seu uso fosse corrente. É o caso, por exemplo, da carne de vaca, do capão, do bacalhau, que em muitas casas e a muitas mesas não era utilizado senão em dias especiais.
Dentro do capítulo das sopas, o caldo verde, o caldo de unto, a canja de galinha (muitas vezes com intuitos «curativos») e a sopa de nabos eram os mais frequentes. Mas também a sopa branca (de arroz e cebola), as migas de alho (com broa migada, dentes de alho, unto, sal e água a ferver) e as papas de nabiças eram apreciadas.
No que toca ao conduto, a gama era variada, em qualidade e quantidade. Da meia sardinha frita ou assada, em mesas pobres, à vitela assada nas mais afortunadas, vários destaques se podem fazer. É o caso do cabrito (que muitas vezes era anho ou mesmo carneiro) assado no forno ou suado, dos rojões, do cozido, dito à portuguesa mas que na realidade, e neste caso, era muito mais à moda do Minho, do bacalhau cozido com todos regado com azeite, do bacalhau assado e do saborosíssimo «farrapo velho», exemplo típico de magnífico aproveitamento das sobras do bacalhau cozido. Ainda o arroz de cabidela, os bolinhos e as iscas de bacalhau, e no peixe, as fanecas, os chicharros e as já referidas sardinhas, assadas, fritas ou de escabeche.
No capítulo da doçaria há que referir o pão doce, as broinhas doces, as rabanadas e a aletria. Pela Santa Eufémia, e às vezes em outras romarias, compravam-se os «melindres». E aí, ou noutros postos de venda, o famoso pão-de-ló do Bezerra de Famalicão. Mas isto em dias especiais. Outros espécimes, fortemente influenciados pelos mosteiros e conventos, como o tabafe e os pescoços de freira, por exemplo, só tinham lugar em mesas mais abastadas.
Não posso deixar também de referir o alimento por excelência – o pão.
O pão, que tem também uma forte carga religiosa e um simbolismo ímpar, era presença obrigatória e constante à mesa do pobre e à do rico. Quantas vezes, acompanhando o caldo, era mesmo a presença única.
Por isso gostaria de vos dar uma «receita». A da broa de milho, tal como sempre me lembro de uma ou duas vezes por semana a minha bisavó a cozer.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
A Broa segundo a minha bisavó
Dois quilos de farinha milha para um quarto de quilo de farinha centeia.
Tempera-se de sal dois litros de água. Desfaz-se o crescente muito bem desfeito na farinha antes de principiar a amassar. Depois, vai-se deitando água e amassando, metendo toda a farinha milha. Amassa-se muito bem. Por fim junta-se a farinha centeia, não devendo depois disso levar mais água. Continua-se a amassar. Sabe-se que está amassada quando as mãos ficam limpas. Deixa-se levedar. Sabe-se que está pronta quando crescer. Deita-se farinha numa masseira e lança-se dentro a massa lêveda. Dá-se-lhe forma e coloca-se na pá de madeira que a leva ao forno, sobre folha de castanheiro, que lhe dava sabor e evitava que se "pegasse" ao fundo do forno (ou, à sua míngua, uma couve).
Todo este processo era acompanhado de alguns rituais, de fundo magico-religioso, com especial destaque para o fazer cruzes na massa sempre que se virava para amassar, e a oração "São Vicente te acrescente, S. Mamede te levede, e S. João te faça pão".
Cheio o forno, antes de se barrar a porta (às vezes com matéria prima menos escorreita que o barro), uma nova oração: “Deus te acrescente dentro do forno, fora do forno e pelo mundo todo”.
5 a 6 horas depois está consumado o milagre – a broa.
Entenda-se esta citação final como uma merecida homenagem às mulheres da Maia, de uma têmpera, de uma inteligência, de uma nobreza e de uma sensibilidade difíceis, se não mesmo impossíveis de igualar.
Natal e Gastronomia na Maia
Não há um «Natal» mas sim vários «Natais» na tradição maiata. O Natal de uma casa rica, de um grande lavrador por exemplo, não era o mesmo Natal de uma casa de um pequeno agricultor, de um trabalhador agrícola ou de um operário, como quase podemos dizer que hoje acontece.
As diferenças de poder aquisitivo, e, por consequência, de práticas e de costumes, eram enormes.
Convém desde logo estabelecer, à partida, que nem Pai Natal, nem Árvore de Natal nem Presépio são tradições arreigadas desde tempos imemoriais, bem pelo contrário. Aparecem, este último, por influência erudita, nos fins do séc. XIX, e a árvore e o simpático velhinho apenas em pleno século XX.
O Natal era ainda não há muito (até à década de sessenta), aquilo que as posses de cada um permitiam. Ceia do Natal, mais pobre ou mais rica, é que tinha de haver.
O Bacalhau com batatas e pencas, bem regado com bom azeite ou com molho fervido, o Polvo, o Galo caseiro, o Capão, que o Peru é invenção estrangeira e tardia, estavam na consoada de quem os podia comprar ou de quem os criava.
O mesmo se pode dizer das doçarias, muitas delas de origem conventual, e cujos componentes, pelo seu preço, eram frequentemente impeditivos da sua degustação por todos – os pescoços de freira, o pão-de-ló, o bolo podre, os biscoitos secos, as broinhas de erva-doce, os formigos, o arroz doce, a aletria, os melindres, as migas doces, as rabanadas, mais dispendiosos os primeiros, mais acessíveis os últimos, ornamentavam a mesa de alguns.
Finda esta Ceia, rumava-se à Missa do Galo, celebrada à meia-noite. Esta era uma celebração de festa e de alegria partilhada por todos, nomeadamente quando chegava o momento de «beijar o menino». Depois da Missa, e chegados a casa, aguardavam-nos os restos (e que restos) da ceia, a que se juntava o «vinho quente» e, para os mais novitos, o chocolate.
No dia seguinte logo pela manhã, era a Missa do Natal, finda a qual havia, frequentemente, um leilão de «segredos» ou «consoadas». Este foi muitas vezes crescendo em dimensão, e chegou a ser transferido para a tarde do próprio dia, quase se autonomizando.
E, claro, ninguém pensava noutra coisa senão em brincar com as novas prendas. Ao almoço, o bacalhau desfiado antecedia o prato de carne. Ao jantar, o delicioso farrapo velho, ou roupa velha, que, embora se fizesse várias vezes ao ano, sabia sempre melhor naquele dia.
Em todo este período do Natal aos Reis era frequente escutarem-se grupos de cantadores de «Janeiras», frequentemente constituídos apenas por vozes, por vezes acompanhadas por um ou outro instrumento mais simples (bombo ou ferrinhos) ou, eventualmente, um instrumento de cordas. A estes grupos se dava muitas vezes uma contribuição em dinheiro e de comer e de beber.
Tradição típica da Terra da Maia era a dos Reiseiros, que ficaram justamente conhecidos, no Entre Douro e Minho como na margem sul do Douro, como os Reiseiros da Maia. As «Reisadas» eram verdadeiros «autos», inspirados na vida, paixão e morte de Cristo, materializados em manuscritos a que se dá o nome de «cascos», onde estavam contidas as falas de cada um das personagens, bem como outros apontamentos de índole. Estes «autos» eram representados em locais muitas vezes improvisados, sendo que às vezes se juntavam dois carros de bois, traseira contra traseira, e aí se procedia à representação
Os trajos, quase sempre de confecção própria, tinham, como toda a representação, uma forte carga de ingenuidade, de naïf, característico destes tempos.
Eis alguns dos costumes que, na Maia, se associavam ao Natal.
Para saber mais:
- Armando Mário Moreira Tavares. “Gastronomia e doçarias nas Terras da Maia” in Actas do Congresso de Cultura Popular, Vol. II. Maia: Câmara Municipal, 2000.
- José Augusto Maia Marques. “Pão, Agricultura e Alimentação”, in Fórum 1999-2001 – Comunicações, Avintes: Junta de Freguesia de Avintes, 2001.
- José Augusto Maia Marques. “Para uma arqueologia da alimentação” in Actas do 1º Congresso Nacional da Federação das Confrarias da Gastronomia Portuguesa. Santarém: F.N.C.G.P., 2004.
- Sebastião Pessanha – Doçaria Popular Portuguesa, Lisboa: Colares Editora, 1999 (reed.)